segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Eles me entenderiam

   Clarice me entenderia quando eu digo que descobri em mim mesma a felicidade, que  tive a minha "Descoberta do mundo",  nessas nossas conversas íntimas ela me dizia que a minha estrela iria brilhar em algum momento. A de todo mundo brilha em algum momento, basta mantê-la  brilhante o máximo de tempo que conseguirmos. Machado me entenderia quando eu digo que não sei ao certo os motivos que me põe a caneta na mão e Tati Bernardi me aconselharia com voz imponente como fazia no auge dos meus quinze anos: Sofra, chore, mas espere O próximo. Melamed me aconselharia a criar e olhar com criatividade o mundo a minha volta, mesmo o que não estiver na minha esfera de influência, brincar com as palavras em meio ao caus. Acho que ele estaria orgulhoso agora. Ele me entenderia e me ajudaria a compreender o meu processo de "Regurgitofagia". Caio Fernando, tão meu sempre, me diria pra ter calma e espera com fé, talvez com um choro preso e um café quente toda noite, pra enfrentar melhor a madrugada e fazer companhia a tão amiga íntima agora, insônia. Ele diria, na falta de amor, café. Primeiro os morangos depois os mofos. Visto que na vida não deixarão de existir "Morangos mofados". Dalton Trevisan me diria que  a "cada palavra, um beijo a menos", mas penso que na falta de beijo,  muito tem me servido as palavras. Rubem Braga me faria um crônica, tenho certeza. E a Ana Cláudia Calomeni iria me lembrar de outros carnavais, de outras nossas-primeiras-músicas. Saramago me traria um "bom dia tristeza" e Cazuza sagaz como sempre diria "se doer demais é porque valeu", tia Rita- linda iria me lançar seus perfumes, suspender todos os jardins da Babilônia e me explicar o amor, o sexo. A professora mais linda de português que eu já tive na vida, tia Val, iria me olhar com carinho, passar as mãos no meu cabelo e pedir: respire. Não se apresse, eu te entendo, use vírgula, associe livremente as ideias, mas atente para a lógica, fundamentalize seu argumento. E sorriria dizendo um "vai ficar tudo bem" que me deixaria com os olhos cheios de lágrimas. Os bons escritores nem sempre se adaptam a métrica. Tia Val me entenderia. Beauvoir me ensinaria, mais uma vez, que a mulher não tem nada de frágil e ouviria atenta, minhas ânsias. O Árabe que escreveu o provérbio- árabe que dizia "Isso também vai passar" que eu não sei onde eu li, também me entenderia. Freud me entenderia, talvez eu nem precisasse de análise. O mundo talvez não, mas eles me entenderiam.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Encantamento

Às vezes, vezenquando, quando vez, quando vens. De encontrão encontramo-nos e no encontramento encantamento fez-se. E eis que tudo virou luz. Sons, luzes e palmas. Seja o que for: encantamento. Outrora passou, quiçá passe. Associação livre de ideias é o mesmo que libertamento desprendido de sensações? Fora o que senti. Que criem-se palavras que sejam capazes de exprimir e dar sentido ao momento. Viver sem estar sujeito ao encantamento é duvidosamente mau. Bem, que Deus conceda-lhes a oportunidade de sentir um dia. Desejo-lhes tudo de encantamento despropositado prosa poesia literatura marginal leitura de boteco e Machado de Assis. Principalmente Machado de Assis! E se achares pouco, um pouco de criatividade e mel: Melamed. Usem outras línguas, investigue em dicionários, não se esqueçam dos aforismos. Chamem os nossos amigos Ets. Jogue com as palavras, que todos os trocadilhos e figuras de linguagem floresçam em ti, em nós.  Sem medo, ter medo é  desperdício tal como quando você deixa de espreguiçar-se em sua cama por mais 5 minutos antes de ir ao trabalho. Desperte, desperte em ti o desejo da simplicidade, de ver beleza nas coisas simples contanto que não vós passe despercebido o que te faz feliz, e que seja simples! Que seja simples, pois há de nascer algo mais bonito que flor. Desejo-lhe tempo. Pois que falta e que falta faz o tempo! Há de vir o tempo em que daremos mais importância à literatura que à ciência. Assim espero, despertar no entanto, relaxada, sem pressa de querer que as coisas saiam do meu jeito e não do jeito a que conspira o Deus Universo. Sorte, sonho, doçura. Desejo a nós, a todas as criaturas pensantes e inanimadas. Sonho, sonhe, sonho. Que não vivamos só deles, mas do que eles nos proporcionarem. Desejo muito encantamento ao mundo, vide que precisa.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Nunca em negrito é um esporro

        Que todos as caps locks sejam pressionadas ao mesmo tempo. Hoje eu não quero uma atenção flutuante. Estudar psicanálise tem mexido muito comigo. Tudo tem mexido, como já indicava meu mapa astral. O inferno está posto, é não é o de 3 dias denominado TPM. Júpiter encontra Saturno e chama Peixes pra brincar comigo e desestruturar minha vida: Estou apaixonada. Uma daquelas, fortes que vem tipo pororoca de abril, devastando tudo. Que te tira todas as certezas que na verdade nunca foram certezas porra nenhuma. Daqui a pouco faço 20, e parece que eu não consigo sair dos 13 nunca. Já pensou o quanto um negrito num texto uniforme pode fazer diferença? Já pensou o quanto alguém pode te deixar nas nuvens e depois ir embora te deixando mal e com uma dor no peito, um nó absurdo na garganta, uma dificuldade imensa de respirar? O oxigênio não chega ao cérebro e você não pensa. Só treme e fica sem reação ao ver a pessoa que você queria ter. Ter de uma forma egoísta e que te dê mesmo a sensação de pertença. Qual é o problema de querer pertencer a alguém, afinal? Que sejam minimizadas todas as teorias, todas as receitas de bolo. Hoje eu quero me declarar neurótica-obsessiva- histérica- apaixonada. Eu quero me libertar de todos os meus traumas. Realmente não sei se é melhor viver no mundo da fantasia, em que não há espaço pra frustrações, pra choro ou insônia. Fantasiar deve mesmo ser melhor que viver. Dizer Nunca é o mesmo que clamar aos céus e a Terra: quero que aconteça. Dizer nunca, assim em negrito, é um esporro. Viver é um esporro.