Choveria.
Eu estaria ensopada esperando o ônibus para um lugar qualquer.
Ele estaria no ônibus, desconexo do mundo, olhando a paisagem.
Eu entraria um tanto quanto decepcionada com o dia, molhada, despenteada, simples.
Sentaria ao seu lado.
Ele olharia-me rapidamente.
Eu, preocuparia-me em não molhar-lhe.
Ele não se incomodaria com as gotas geladas do meu corpo e meus cachos tocando-o, continuaria sua leitura silenciosa.
Eu leria Clarice, ele, Shaskepeare.
-Gosto muito deste livro dela.
- Eu adoro Shaskepeare.
- É tão...
-É.
Conversaríamos sobre a chuva, sobre dia, o percurso, os problemas do mundo.
E demoraria para o nosso ponto chegar.
Nada de contos de fadas, telefones ou contatos símbolos da modernidade.
-Aceita casar-te comigo? ele.
- Como? eu.
Disse Romeu à Julieta. Diria ele, voltando à leitura.
- Ah! Diria eu sem malícia, pensando no quanto era bom estar molhada num banco de ônibus.