domingo, 10 de abril de 2016

    Acabei de ver que faz quatro meses que você não escreve na pra mim. Quero dizer, nada no seu blog. Hoje me pus a pensar no quanto uma página de internet foi nosso ponto de fuga e ao mesmo tempo nosso espaço de encontro, de saber que sabíamos que existíamos um pro outro e que éramos lidos.
Ontem fui dormir pensando no nervosismo no portão e nas ligações de horas e horas, quando o telefone esquentava e a gente punha na tomada e não queria largar nunca. A soberba me diz que eu tenho a melhor história de amor pra contar, a minha história. E aos 20 anos...
Fiquei pensando nas coisas que você me disse depois que fizemos amor, na verdade, tantas coisas ditas e tantas vezes de amor. De repente não fico mais preocupada em resgatar o que fiz você sentir ou o que sentia. O nervosismo, o medo, ou te deixar vidrado apenas em mim sem se preocupar com outra garota passando pelo corredor da faculdade. A maturidade e o tempo mostram que estas coisas também passam. Mas hoje, acabo me concentrando no que eu já representei pra você. Sempre ouvi dos quatro ventos que eu era uma garota autêntica, com personalidade, incrível. E nem por isso, ou diante de tantos artifícios e qualidades deixaram de me machucar pela vida afora. Acho que já me senti mal muitas vezes querendo ser uma reinvenção de mim mesma pra ser mais agradável aos seus olhos. Quando me arrumava para faculdade, eu queria mais que pra qualquer pessoa ser interessante pra você como a primeira vez em que você me viu atravessando a rua com os cabelos esvoaçantes. Queria parecer um museu arqueológico inteiro só pra você me desvendar, me construir e desconstruir. Cômico e dramático ao mesmo tempo: não consigo escrever para você sem que lagrimazinhas salientes escorram pelo mesmo rosto. É mistura de tudo, bate uma coisa estranha no peito, na garganta, e na mente. Tudo transparece no suor e nas mãos trêmulas. Ninguém nunca vai descrever o amor, é lindo demais é celestial demais para ser materializado.